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Elucidações Acadêmicas sobre a Naturologia

 

Igor de Azevedo Silva

2014

Buscando o resgate e valorização das medicinas e métodos de obtenção de saúde natural a Naturologia vem se destacando por conseguir utilizar do conhecimento de filosofias ancestrais tradicionais como ferramenta de trabalho terapêutico e clínico, conhecimentos que muitas vezes eram desvalorizados, considerados sem credibilidade, ou até mesmo chamados de charlatanismo pelo meio médico, acadêmico e científico. Atualmente podemos encontrar diversos estudos acadêmicos científicos sobre medicinas e terapêuticas naturais, o que ajuda a trazer uma ampliação na visão e abordagem da área da saúde. Segundo Silva (2012: 7).

 

"A Naturologia é um conhecimento caracterizado pela mescla de racionalidades médicas, de filosofias e de técnicas de cura orientais, ocidentais, modernas, tradicionais. É um fenômeno decorrente da crise de paradigmas do mundo contemporâneo e da necessidade de revisão e ampliação dos modelos de práticas médicas vigentes.    Apresenta-se como um conhecimento transdisciplinar filiado a modelos integrativos e complementares de atuação e atenção em saúde".

 

Se trata de um conhecimento da área da saúde embasado no diálogo entre a pluralidade de sistemas terapêuticos complexos vitalistas[1] , de racionalidades médicas[2]  e as disciplinas convencionais da área da saúde (biomédicas), que parte de uma visão multidimensional do processo de saúde-doença e utiliza da relação de interagência[3]   e de práticas integrativas e complementares no cuidado e atenção a saúde.

O Naturólogo faz uso de diversas técnicas e sistemas terapêuticos como: Massoterapia; Reflexologia; Fitoterapia, Aromaterapia; Meditação; Yoga; Cromoterapia; Terapia Floral; Iridologia; Terapia Vibracional; Musicoterapia; Antroposofia; Nutrição e Dietas Naturais; MTC (Medicina Tradicional Chinesa); Medicina Ayurveda;  entre outras e tem a fundamentação biopsicossocial em uma visão integral do ser humano,  graças a uma formação na área da saúde diferenciada, desespecializada, com foco na Integralidade do cuidado e promoção da saúde em toda sua complexidade, por se tratar predominantemente de um conhecimento vitalista considera que a causalidade da doença vem de um desequilíbrio da capacidade inata do ser de se organizar, de se manter saudável, assim o foco deste profissional é auxiliar no processo de reequilíbrio natural do ser, empoderando-o para manter-se saudável. (SILVA, 2012).

No contexto desta ampliação da abordagem em saúde, estudar outras medicinas e Racionalidades Médicas pode contribuir para uma transformação do paradigma vigente, sendo este componente necessário para criar diálogo entre os diferentes sistemas médicos.

 

Referencias bibliográficas:

Do Carmo, Renan Kendy, Glória Aberg Cobo, and Fernando Hellmann. "A relação de interagência sob a perspectiva da abordagem centrada na pessoa." Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares 1.1 (2012): 29-41.

NASCIMENTO, M, C. et al. A categoria racionalidade médica e uma nova epistemologia em saúde. Ciênc. Saúde coletiva, Rio de Janeiro, 2013.

SILVA, A. E. M. Naturologia: um diálogo entre saberes. São Paulo, tese (pós-graduação em Ciências Sociais) – PUC-SP. 2012.

TESSER, C, D & LUZ, M, T. Racionalidades médicas e integralidade. ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, V. 13, N. 1, FEB.  2008

 

[1] O paradigma vitalista, centrado na saúde e na busca de harmonia da pessoa com seu meio ambiente natural e social, valoriza a subjetividade individual, a prevenção e a promoção da saúde e a integralidade do cuidado. Mostra-se compatível a anseios de preservação e sustentabilidade em seu sentido amplo, nos níveis biológico, social e natural; cujas raízes, presentes em antigas tradições culturais, são resinificadas e conquistam espaço crescente na atualidade (NASCIMENTO, 2013: 3598).

[2] Conceito desenvolvido por Madel Luz, é definido como uma categoria conceitual metodológica, um sistema lógico teoricamente estruturado e integrado de práticas e saberes composto de cinco dimensões interligadas: uma morfologia humana (anatomia, na biomedicina), uma dinâmica vital (fisiologia), um sistema de diagnose, um sistema terapêutico e uma doutrina médica (explicativa do que é a doença ou adoecimento, sua origem ou causa, sua evolução ou cura), todos embasados em uma sexta dimensão implícita ou explícita: uma cosmologia. Através dessa delimitação, precisa e específica, pode-se distinguir entre sistemas médicos complexos como a biomedicina ou a medicina tradicional chinesa e terapias ou métodos diagnósticos isolados ou fragmentados, como os florais de Bach ou a iridologia, que hoje crescem com a implementação de um novo paradigma baseado em um olhar integrativo e complexo em saúde (Tesser e Luz, 2008).

[3] Termo criado para ilustrar relação terapêutica diferenciada obtida através de participação ativa, empoderamento do interagente (Equivalente ao termo “paciente” da medicina ocidental) e na interação com o naturólogo da qual surge a possibilidade de se eleger em conjunto uma atuação terapêutica personalizada as necessidades especificas de cada caso (do Carmo; Cobo; Hellmann, 2012).

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